Um e cinquenta.
Nem mais, nem menos. Dependendo de quem mede, às vezes é menos – mas esses não contam. Um metro e meio de charme, simpatia e alguns problemas que nenhuma pessoa de estatura média jamais pensaria em ter na vida: tipo dirigir o carro do vizinho.
No meu prédio, as vagas são compartilhadas e o meu carro, dependendo do dia e do horário, pode ficar travado por um Golf preto, automático e sofisticado. A solução, banal e cotidiana, é pegar a chave do dito cujo na portaria e manobrá-lo por alguns metros para lá e para cá. Simples assim. Bem, seria simples se meu vizinho não tivesse o peculiar hábito de colocar o banco encostado no chão. Juro: encostado no chão – e eu nem sabia que bancos de carros podiam chegar tão baixo! Encostado no chão e afastado alguns metros do volante.
Veja bem: eu poderia ser cara-de-pau e ajustar o banco até conseguir enxergar, pelo menos, o próximo carro estacionado à frente, mas pense comigo: o quanto você odeia quando mexem no seu carro? Muito, não é? Não é de bom tom mexer no carro dos outros, muito menos levar o banco um quilômetro acima e outro à frente, sem contar os espelhos, não é? Eu sei, eu sou educada e também reclamava quando mexiam no meu (até desencanar e aceitar que ninguém jamais dirigiria com a mesma configuração).
Pensando bem, ele deve passar por esse mesmo problema…
Enfim, depois de pensar um pouco e conversar outros poucos, lembrei que esse mesmo vizinho uma vez sugerira que o carro dele ficasse sempre no fundo (e que ele, portanto, sempre manobrasse o nosso), logo que nos mudamos para cá. De repente, eu entendi o motivo.
A última moradora devia ser baixinha também.
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