Talvez você ainda não conheça o trabalho de Joachim Trier e Eskil Vogt, mas preste atenção, nos próximos dias, à estreia de um filme chamado “Thelma”. Ele é o candidato norueguês ao Oscar 2018 e logo se vê por quê.
Trier, de sobrenome famoso, é apenas parente distante do diretor de “Anticristo” e “Melancolia”, mas já vem fazendo um nome para si próprio com títulos como “Oslo, 31 de Agosto” e “Mais Forte Que Bombas” – esse último, inclusive, estrelado por Isabelle Huppert e Jesse Eisenberg.
Enquanto ele empunha a câmera com habilidade, é Vogt quem constrói as histórias que se desenrolam na tela, assinando ou colaborando no roteiro de todos os filmes do parceiro desde seu primeiro curta, em 2000. Curiosamente, o roteirista tem um único longa-metragem como diretor – “Blind”, de 2014 – e é justo nele que reside a maior semelhança (inclusive visual) com o suspense que vemos na tela agora, dirigido por Trier e escrito por ambos.
“Thelma”, como “Blind”, tem uma vocação fantástica que o coloca numa categoria completamente diferente do que se espera, a princípio, de um romance de formação sobre descobertas sexuais e tragédias familiares. Esta é a história, como muitas, de uma menina criada sob rígida educação católica, que sai de casa pela primeira vez para cursar faculdade numa cidade grande, longe dos pais. O fato de ela estudar biologia gera as primeiras faíscas de tensão com sua vida anterior, mas será a paixão por uma colega do mesmo gênero que a fará questionar tudo, se perder e, finalmente, se reencontrar um pouco mais madura.
Mas esta é uma história com apenas um pé fincado no chão e o outro, bem longe dali, onde as convulsões de Thelma têm ligação com o voo violento dos pássaros, com o balanço dos lustres ou com uma memória dolorosa de muitos anos atrás, quando algo fez com que um pai desesperado apontasse uma espingarda para a filha de seis anos de idade.
Revelar exatamente o que faz da protagonista (vivida por Elli Harboe) um risco para aquele pai (ou para a mãe, interpretada pela mesma atriz de “Blind”, Ellen Dorrit Petersen) seria estragar a experiência de, lá pela metade do filme, levar a mão à boca e reprimir o grito. “E agora?” – pensarão você e a jovem bióloga, que partirá desnorteada em busca da desagradável resposta.
“Thelma” chega aos cinemas no dia 30 de novembro.