Sentamos na sala escura. O nome “Yorgos Lanthimos” nos créditos iniciais já anuncia o que vem pela frente: no mínimo, uma sátira surrealista de algum dos aspectos mais mesquinhos da humanidade. No máximo, um teatro nauseante e perturbador inspirado no absurdo de nossas vidas patéticas. O filme é “A Favorita” e saímos todos, como previsto, desconcertados. Continuar lendo “A Favorita – Lanthimos explora as entranhas sujas do poder em trama real >MostraSP”
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Culpa: suspense policial cresce e surpreende sem sair de dentro da delegacia >MostraSP
Às vezes, os filmes mais simples podem ser os mais envolventes. Em “Culpa” (Den Skyldige), longa que representará a Dinamarca no Oscar 2019 e que está na seleção da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, toda uma trama de sequestro, assassinato e perseguição é narrada sem que se veja uma única cena da ação. E, ainda assim, vemos em nossas cabeças cada detalhe. Continuar lendo “Culpa: suspense policial cresce e surpreende sem sair de dentro da delegacia >MostraSP”
Poderia me perdoar? – Melissa McCarthy se vinga do mercado literário em papel bruto e genial >MostraSP
Há muito pouco glamour na vida de um escritor. Até os mais otimistas dos clichês costumam envolver solidão, insegurança e alguma dose de álcool, mas “Poderia me perdoar?” leva a decadência da profissão a outro nível. Ainda assim, é difícil não se apaixonar pela escritora, alcoólatra e criminosa que conduz essa história. Continuar lendo “Poderia me perdoar? – Melissa McCarthy se vinga do mercado literário em papel bruto e genial >MostraSP”
FC! Especial – Dicas da Mostra (Parte 2)
Para completar nossas dicas da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, destacamos quatro filmes de quatro países diferentes: o japonês “Depois da Tempestade”, o suíço “Aloys”, o polonês “A Atração” e o americano “O Nascimento de Uma Nação”.
“Depois da Tempestade” estreia nos cinemas no dia 17 de novembro e “O Nascimento de Uma Nação”, no dia 10. Os demais não têm previsão de estreia.
Persona (Ingmar Bergman, 1966)
Não sei vocês, mas eu ainda não tinha assistido ao clássico “Persona”, de Ingmar Bergman, até a última quarta-feira. Na verdade, minha experiência com o diretor sueco se limitava a “O Sétimo Selo”, o que, considerando agora, faz “Persona” parecer moleza. O fato é que aproveitei a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e sua homenagem aos 50 anos do filme para mergulhar nos olhos enigmáticos de Liv Ullmann e na transparência de Bibi Andersson e posso dizer que poucas vezes saí tão tocada de uma sala de cinema.
Talvez seja pessoal. Ou talvez tenha sido o perfeccionismo da fotografia de Sven Nykvist que me hipnotizou: acho que nunca vi uma iluminação tão perfeita aplicada a enquadramentos tão significativos… É como se todos os frames tivessem uma razão muito bem definida para existir, e cada um deles tivesse pelo menos duas ou três mensagens para expressar, antes mesmo de considerarmos os diálogos.
Aliás, que diálogos! Este é um daqueles raros filmes que conseguem dar o mesmo peso à imagem e ao texto, valorizando a interpretação das atrizes acima de tudo. Ullmann interpreta uma atriz, inclusive. Uma atriz chamada Elizabet Vogler que emudece durante um ensaio da peça “Electra” e, a partir de então, não profere mais uma única palavra.
Andersson entra, então, como sua enfermeira num hospital psiquiátrico, Alma. Tagarela e um pouco ingênua, ela cria uma intimidade com a paciente e passa a usá-la como confidente, tirando proveito do fato de que sua interlocutora não poderá expressar seus julgamentos.
Esse jogo de poder entre as duas tem uma força que vai crescendo junto com o filme. É fácil interpretar sua relação como se uma se transformasse na outra, ou como se as duas fossem partes de uma mesma identidade – a atriz e sua persona, a enfermeira e sua boneca. Mas há algo a mais ali… À medida que a história evolui, o “dueto” vai ganhando diferentes significados, simbolizando conflitos diversos e não necessariamente aplicáveis a uma única personagem, mas a toda a humanidade: vemos duelarem verdade e ficção, silêncio e voz, fé e desesperança, fama e anonimato, guerra e paz.
Pessoalmente, o contraste mais claro para mim é entre consciência e comportamento. É entre o que as personagens realmente sentem e o que seria socialmente aceitável, o que elas inclusive esperam de si mesmas. O resultado dessa conta só pode ser a corrosão pela culpa, para uma, e a “desistência” da vida em sociedade para a outra. O silêncio de Elizabet é como um suicídio perante o mundo, mas é a única sobrevivência possível dentro de si mesma: para não mentir, ela se cala. Para não mais representar o papel de mulher ideal (ou seja, de “mãe” – já que, mesmo sendo famosa e bem-sucedida ela não é vista como “completa” por seus colegas), ela escolhe não representar mais nenhum.
Talvez Elizabet projete em Alma uma versão mais aceitável de si mesma, para lidar com a própria consciência. Ou talvez seja Alma que enxergue em Elizabet seus medos mais profundos, o lado mais feio de sua natureza. Seja como for, não faz sentido dar uma resposta simples a um Bergman.
É preciso ver e sentir à sua própria maneira.
Nota: no Brasil, o filme teve o título traduzido para “Quando Duas Mulheres Pecam”. Felizmente, com o tempo essa versão foi caindo em desuso e, hoje, “Persona” é o nome mais usado.
FC! Especial – Dicas da Mostra (Parte 1)
A 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo está rolando a todo vapor e nós damos 5 dicas com os melhores filmes que assistimos até agora!
Saiba o que esperar de “Elle“, de Paul Verhoeven, “O Apartamento“, de Asghar Farhadi, “Animais Noturnos” de Tom Ford, “Paterson“, de Jim Jarmusch, e “The Handmaiden“, de Park Chan-Wook.
Veja a programação da Mostra: http://mostra.org
FC! No Ar – Especial 40ª Mostra Internacional de Cinema de SP
Vai começar a 40ª edição do evento cinéfilo mais tradicional de São Paulo, a Mostra Internacional de Cinema! Ou, simplesmente, “Mostra” para os íntimos. Para ajudar você a se situar em meio a tantos filmes, destacamos alguns achados da programação para você ficar de olho!
A cobertura completa você acompanha a partir do dia 20 de outubro nas nossas redes sociais (facebook.com/falacinefilo e @falacinefilo no Instagram)
Serviço:
40ª Mostra Internacional de Cinema de SP
20 de outubro a 2 de novembro
Vendas a partir de 15 de outubro na Central da Mostra (Conjunto Nacional)
Resumão#06 – Star Wars, Mostra, Adele e Sicario
No Resumão#06, comentamos as novidades de Star Wars: O Despertar da Força, lembramos o Back to The Future Day, damos as boas-vindas à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e conhecemos o novo clipe da Adele. Entre as estreias, destaque para “Sicario: Terra de Ninguém”, “Ponte dos Espiões” e “Goosebumps: Monstros e Arrepios”. Para fechar, uma nova tendência chega ao mercado de filmes.
Links:
Trailer Star Wars: Ep. VII – O Despertar da Força – https://www.youtube.com/watch?v=sGbxmsDFVnE&sns=fb
15 Filmes imperdíveis da Mostra: http://www.guiadasemana.com.br/cinema/galeria/15-filmes-imperdiveis-da-mostra-internacional-de-cinema-2015
Dicas da Mostra (atualizadas durante o festival): http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/dossie-da-mostra-internacional-de-cinema-2015
Clipe de “Hello”, da Adele – https://www.youtube.com/watch?v=YQHsXMglC9A
Críticas:
Sicario: Terra de Ninguém – http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/critica-inquietante-sicario-traca-um-retrato-complexo-das-relacoes-entre-trafico-policia-e-lei
Goosebumps: Monstros e Arrepios – http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/critica-goosebumps-monstros-e-arrepios-e-diversao-a-moda-antiga-para-criancas-e-adultos
Ponte dos Espiões – http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/critica-spielberg-e-tom-hanks-fazem-de-ponte-dos-espioes-um-filme-leve-sobre-a-guerra-fria
Análise (Youtube Red, DisneyLife e afins): http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/como-a-netflix-esta-obrigando-os-cinemas-a-se-reinventarem