Já faz um tempo que tenho cultivado um carinho especial pelos porquês. Sei que são um capricho, que mais inspiram dor de cabeça e ódio à gramática do que amor pela língua portuguesa, mas essa sou eu. Gosto de coisas assim. Acho um mimo ter uma língua que se dá ao trabalho de eleger grafias diferentes para diferentes usos da mesmíssima palavra: uma para perguntar, uma para explicar, uma para a coisa explicada e uma última apenas para enfatizar a indignação de quem indaga. Me parece uma língua encantada com perguntas e respostas, uma língua provocadora que talvez um dia tenha pertencido a uma nação indignada, cheia dos porquês acentuados e devidamente separados ao final de suas frases gritadas.
Continuar lendo “Do reino dos porquês”Tag: vida
A vida não é um video-game
E, se fosse, seria um jogo de mundo aberto. Com missões destravadas pelo diálogo. Tipo Zelda, sabe? Você pode ir aonde quiser, falar com quem quiser, escolher ajudar ou não as pessoas que cruzam com você. No fim, é claro, você terá que lutar contra alguns espíritos malignos e salvar o mundo, mas se você já jogou Zelda alguma vez na vida, você sabe que é o caminho que realmente importa. São os templos que você explora, os ambientes com os quais interage, as criaturas que conhece, as mil formas possíveis que você pode inventar para resolver cada um dos quebra-cabeças. E não ter um jeito só para fazer as coisas é o que me faz amar tanto esse jogo.
Continuar lendo “A vida não é um video-game”Menininha
Todo mundo tem uma história vergonhosa da infância. A minha (uma delas) é essa: quando tinha meus 4 ou 5 anos, eu costumava me agarrar ao corrimão na casa da minha avó e chorar descompensadamente, bradando aos sete ventos que eu queria ir à escola de saia, não de calça. Fazia uns 10 graus. Continuar lendo “Menininha”
Ócio, velho desconhecido
Quando era mais nova, ouvia falar de um tal de “ócio criativo”. O nome era engraçado, parecia desculpa para não se fazer nada… Mas era coisa de artistas, de boêmios, devia ter o seu valor. Fosse como fosse, a verdade é que eu nunca o tinha praticado. Pelo menos, não conscientemente.
Por amor às palavras
Faz tempo que não escrevo. Escrevo todos os dias, teço notícias, listas, análises, escrevo títulos, linhas finas, legendas, roteiros e sinopses, posts e anotações, críticas e comparações, mas há muito tempo que não escrevo nada. Um dia destes, entendi por quê. Continuar lendo “Por amor às palavras”
Um e cinquenta
Um e cinquenta.
Nem mais, nem menos. Dependendo de quem mede, às vezes é menos – mas esses não contam. Um metro e meio de charme, simpatia e alguns problemas que nenhuma pessoa de estatura média jamais pensaria em ter na vida: tipo dirigir o carro do vizinho. Continuar lendo “Um e cinquenta”